"Tartarugas Marinhas e Desafios para a Conservação". Esse foi o tema da reunião realizada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente nesta segunda-feira, 16. O evento, realizado no Auditório da Codise, em Aracaju, contou com a participação de órgãos ambientais e prefeituras de cidades litorâneas do Estado. O foco do encontro foi promover uma discussão sobre ações a serem desenvolvidas a fim de garantir a desova das tartarugas marinhas no estado.
O litoral sergipano é a principal maternidade de muitas espécies de tartarugas que vivem no Brasil. Anualmente, entre os meses de novembro e janeiro, a principal atração das praias sergipanas é o vai e vem de tartarugas das espécies: Oliva (a que mais desova no Estado); Cabeçuda; Pente; e, Verde, que chegam até a areia para iniciar o processo de desova supervisionada e protegida pelo Projeto Tamar. Na Barra dos Coqueiros, a desova das tartarugas ocorre nos 32 km de litoral, principalmente na região da Atalaia Nova, Praia do Jatobá e Pontal da Ilha.
Somente em janeiro de 2019 a dezembro de 2022, 72 tartarugas foram mortas no estado em ataques de cães, é o que aponta um levantamento do Projeto Tamar. Outras 20 sofreram ataques nos últimos meses. Outros fatores também contribuem para morte dos animais, como a incidência de luz artificial nas praias, resultado da expansão urbana sobre o litoral, com isso as fêmeas alteram o local de desova e filhotes, por sua vez, ficam desorientados ao saírem dos ninhos, e ao invés de seguir para o mar, guiados pela luminosidade do horizonte, caminham para o continente, atraídos pela iluminação artificial - e são fatalmente atropelados, devorados por predadores como cães e raposas, ou morrem de desidratação perdidos em meio a vegetação de dunas e restingas.
A secretária estadual do Meio Ambiente, Débora Dias, destacou a importância da reunião. "Não podemos permitir o que vem acontecendo, os ataques as tartarugas por cães, a questão da iluminação da Orla, por isso fizemos questão de convidar a todos para podermos encontrar uma solução ao problema", salientou.
Para o secretário municipal de Meio Ambiente, Edson Aparecido, o trabalho de orientação nas comunidades é de fundamental importância para a preservação da espécie. "Esse foi um encontro bastante importante para podermos trabalhar de forma mais rígida, orientando toda a população e empresários para que as leis ambientais que determinam os níveis máximos de iluminação tolerados em praias de desovas contribuam para proteção das tartarugas marinhas", explicou.
Ainda segundo o secretário Edson, a revisão do Plano Diretor do município será outro fator que beneficiará as tartarugas. "Estamos discutindo delimitar uma área de 150 metros de proteção no litoral barracoqueirense. Dessa forma, estaremos protegendo todo o ecossistema. A Barra ela vem crescendo e o nosso papel é organizar isso desde já, para que uma vez que esses empreendimentos sejam entregues, haverá um limite entre empreendimentos e o ecossistema que deverá ser respeitado", elencou.
Projeto Praia Limpa
Em parceria com moradores locais, a Prefeitura da Barra dos Coqueiros, vem atuando para a preservação da espécie. Através do projeto Praia Limpa, resíduos são coletados do litoral uma vez ao mês. A ação contribui para que animais não morram com o consumo de objetos, a exemplo de plástico, um dos principais agentes que ocasiona a morte de tartarugas.