Engajada na implementação de políticas públicas de combate à discriminação racial, a Prefeitura da Barra dos Coqueiros, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (Depir), aderiu ao Projeto Ilé-Iwé: Formação Continuada para a Educação das Relações Étnico-Raciais, que vem sendo propagado no Estado pelo Ministério Público de Sergipe (MPSE). Um encontro com gestores da rede municipal no auditório da Câmara Municipal, nesta segunda-feira, 25, marcou o pontapé inicial da ação no município.
O Ilé-Iwé – termo Iorubá, língua de origem africana, que significa “escola” – tem como objetivo ofertar formação continuada a coordenadores pedagógicos e professores atuantes em escolas públicas, a fim de que seja cumprida a Lei Federal 11.645/08, que incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
Criado pela Secretaria Municipal da Educação de Aracaju, o Ilé-Iwé é um projeto construído por várias mãos. Ganhou o apoio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Copier) do MPSE e vem se expandindo pelo Estado, sobretudo, pela Grande Aracaju. Além das duas instituições, a ação tem o engajamento do Movimento Negro Unificado e do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Sensibilização necessária
“Estamos reunidos hoje com gestores da rede municipal de educação para apresentar o Projeto Ilé-Iwé, que consistente em formação continuada para os professores sobre as relações étnico-raciais, afim de implementarmos uma escola antirracista em nosso município. Nosso encontro tem como missão sensibilizar os gestores a participarem do curso que vai ser ofertado no segundo semestre deste ano aqui na Barra”, explica a diretora do Depir, Aline Regina Conceição.
“Sou estudiosa da área, luto pela causa e tenho certeza que este projeto chega na Barra dos Coqueiros para uma melhoria da identificação do povo negro, além da sensibilização da população para a questão étnica-racial. Este assunto não é ‘mimimi’. Eu gosto muito de puxar essa fala, construir esse discurso. Nós precisamos de vários, vários e vários projetos como o Ilé-Iwé para que possamos equilibrar essa desigualdade em nossa sociedade. Nós temos hoje 55% da população negra. Somos mais da metade da população. Então, não é uma questão simples”, ressaltou a secretária municipal de Assistência Social, Miraci Lemos.
Vencedor do Prêmio Innovare
A importância e significação do Ilé-Iwé para o combate ao racismo nas escolas é tamanha que, em dezembro de 2023, o Ministério Público de Sergipe conquistou, pela primeira vez, o Prêmio Innovare – maior premiação jurídica do Brasil – com o projeto.
Presente na abertura do Ilé-Iwé na Barra dos Coqueiros, o coordenador do Copier, o promotor de justiça Julival Rebouças, foi um dos palestrantes. “Com o apoio do Município, que já é um parceiro nosso, estamos trazendo hoje para a Barra uma nova versão do nosso projeto que, agora, tem uma responsabilidade maior, pois no ano passado ganhou o Innovare, que é um prêmio de excelência no cenário nacional e coloca o Estado de Sergipe em outro patamar (no combate ao racismo nas escolas)”, reforçou.
Combate ao racismo nas escolas
Técnica pedagógica da Rede Municipal, Jaqueline Helvécio foi uma das participantes do encontro de abertura do Ilé-Iwé na Barra e destacou a relevância da ação para a comunidade escolar. “É muito satisfatório o município da Barra dos Coqueiros estar fazendo parte desse projeto. A gente conhece a temática, mas saber lidar com ela é algo pessoal, nem todos têm traquejos. Mas essa formação continuada vai nos alicerçar para melhorarmos a nossa postura diante desse assunto em nossas unidades de ensino”, relatou.
Presenças
Também estiveram presentes na abertura do Projeto Ilé-Iwé na Barra dos Coqueiros a professora Sheilla Conceição, técnica pedagógica do Centro de Formação da Secretaria Municipal de Educação de Aracaju, que proferiu palestra; a professora Nária Viana, coordenadora de Programas e Projetos da Secretaria Municipal de Educação de Nossa Senhora do Socorro; e da professora Jeane Marquise Santos, representante da Secretaria Municipal de Educação de São Cristóvão.